se a loucura, um dia, dominasse a mim e enchesse minha casa com sua certeza e, plena e prenhe do desconhecido eu vivesse, eu saberia o que é ter o mundo em minhas mãos. e erraria o mesmo erro, soltando-o numa grande fogueira.
certezas nunca povoaram minha mente. essa certeza pura, límpida, jamais me contagiou. essa certeza divina, angelical, dificilmente me acolheria antes do desfiladeiro. essa certeza cristã e superior não abarcaria meu desejo por coisas e criaturas menores, ínfimas em sua existência. a certeza só existe para os loucos e para as traças.
imagem: Alegoria do Triunfo de Vênus de Angelo Bronzino.