"o resto é mar. é tudo o que eu não sei contar..."

13 janeiro 2010

"miséria é miséria em qualquer canto"



Não há nada mais incômodo do que se sentir impotente frente a uma situação de injustiça. É um dos piores sentimentos que posso sentir. Sinto-me uma formiguinha minúscula e sem pernas frente à miséria e à pobreza que me cercam em qualquer lugar que eu vá.
Existem aqueles que fingem não ver as pessoas sentadas nas calçadas, pelo cantos da cidade, a pedir qualquer coisa. Mas qualquer coisa mesmo! Pelas rodoviárias, paradas de ônibus, sinais de trânsito, sempre existe alguém pedindo, implorando uma ajuda. Nos deparamos sempre com a mesma história: "tenho um filho internado e eu preciso inteirar o dinheiro do remédio que acabou ontem." É sempre a mesma história, mas nós nunca saberemos quando é a verdade.
De dentro de seus carrões, seus casarões, as pessoas estendem a mão não para ofertar a ajuda merecida, mas para oferecer esmolas. Este gesto, aparentemente banal, ao contrário do que sua manifestaçao suscita, tira da pessoa que pede a dignidade, o orgulho. Por que não oferecer um emprego? seria uma oportunidade para mudar aquela situação e acabar com a humilhação. Não quero simplesmente repetir o famoso clichê "O trabalho dignifica o homem". Essa é uma verdade, mas não absoluta.
Aqueles que se dizem cidadãos, devem perceber que a melhor forma de ajudar uma pessoa não é dando uma camisa usada (muitas vezes já tão velha, que não passa de um pano de chão), brinquedos usados (muitas vezes quebrados), cestas básicas... Isso são paliativos, servem apenas para maquear a realidade. É preciso haver investimento no futuro para haver mudanças. Enquanto as pessoas acharem que fazem sua parte atirando moedas nas canecas dos mendigos o mundo continuará sendo um grande corredor fétido e escuro onde todas as pessoas seguirão rumo à vala comum.
E, apesar do meu discurso estar repleto de lugares comuns ele é verdadeiro.

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