"o resto é mar. é tudo o que eu não sei contar..."

08 julho 2009

ausência


"Instalo-me sozinho num café; alguns vêm me cumprimentar; sinto-me acolhido, requisitado, lisonjeado. Mas o outro está ausente; evoco-o em mim mesmo para que ele me retenha na beira dessa complacência mudana que me espreita. Apelo para sua "verdade" (para a verdade cuja sensação ele me dá) contra a histeria de sedução para a qual me sinto resvalar. Torno a ausência do outro responsável por minha mundanidade: invoco sua proteção, sua volta: que o outro apareça, que me retire, como uma mãe que vem buscar o filho, do brilho mundano, da fatuidade social, que me devolva "a intimidade religiosa, a gravidade" do mundo amoroso" (...) "A ausência do outro segura minha cabeça debaixo da água; pouco a pouco, sufoco, meu ar se rarefaz: é por essa asfixia que reconstituo minha "verdade" e preparo o Intratável do amor."


Roland Barthes (Fragmentos de um discurso amoroso)

Um comentário:

Anônimo disse...

Saudade, meu carinho ... que boa energia há nos teus e-mails gentis! PErdoa o e-mail super triste que te mandei ontem. Perdoa mesmo! E eu espero notícias! Minha She! Um beijo!