"o resto é mar. é tudo o que eu não sei contar..."

19 abril 2010

a menina olhava o cristal encimado no anel da mãe e achava tão bonitas as cores que saiam dele e quis quebrá-lo, maneira de desvendar o lúcido mistério. não era maldade, não. desde criança ela quebrava os brinquedos, abria as bonecas, desmontava canetas para ver por dentro, mais, fundo... para ver (ou tentar ver) a mente de quem fez ali dentro da coisa.
ela não tinha maldade nas mãos. suas ações eram de uma doçura tão cheia de algodão doce, tão perfumada de sentimentos puros... ela não quebraria o cristal se soubesse que ele não seria o mesmo. e essa mudança não se daria apenas por que não seria mais a pedra do anel da mãe, estilhaços de uma vontade insana... essa mudança nem era no cristal: ela descobriria nela a repetição das coisas já sabidas, reveladas, violadas bestamente por quem não sabe o que fazer quando o desconhecido se revela.

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