"o resto é mar. é tudo o que eu não sei contar..."

22 abril 2010

no escuro, o que nos resta é dar-nos as mãos...

nessa noite sem lua, sem estrelas,sonhei com você, luz rompendo a escuridão. exceto pelas dúvidas carregadas em ambas as mãos, sua expressão era de quem sabia sim pra onde ia e não precisava de ajuda.

nada te guiava, nem teus sentimentos. somente a teus pés bastava saber o caminho. foi então que mais uma vez me aproximei e, desenhando flores nas paredes, olhei receosa, de esgueira, e contemplei fascinada teu rosto aproximando-se, na escuridão daquela rua abandonada.

o fascínio não me paralisava, mas a beleza que você me ofertava. o fascínio me enchia da vontade pueril de roer as unhas, de levar à boca a mais íntima e fiel das companhias.

te esperei, criança aprendendo a não ter brinquedos. te esperei. e sabia que seria assim: nenhuma resposta, nenhuma palavra que me desse certezas, nenhum gesto expansivo, nada além. somente a certeza dos amanheceres: a luz que os habita nunca habitará em nós.

não precisamos de luz, de respostas, certezas, garantias... precisamos apenas do instinto, animais ainda virgens de civilização. precisamos apenas de pernas que converjam à necessidade do encontro, apenas isso.

pedir mais seria sublimar o que não pode ser sublimado. pedir mais seria não entender
e relegar à alma o que ela não sabe. e nunca saberá.

no sonho, apagamos as luzes e seguimos no escuro, de mãos dadas.

Nenhum comentário: