"o resto é mar. é tudo o que eu não sei contar..."

03 abril 2010

o cacto

para esquecer o esquecimento
do qual sou vítima
me refugio nos meus mortos.
o colorido do pijama
e da tinta que dispenso
contrastam com meu ser.
o cacto pequenino,
no canto da janela,
vive com pouca água.
não raro o encontro murcho.
e no dia em que meus cabelos
estão encharcados
deixo algumas gotas escorrerem
pelos espinhos.
as pedras são a única companhia
do meu cacto.
as pedras, em toda sua simplicidade,
nada falam ao cacto, mas a mim.
secretamente me revelam
sua natureza.
e como ter gente tão pedra nesse mundo?

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