(...)
A impressão doutros tempos, sempre viva,
Dá estremeções no meu passado morto,
E inda viajo, muita vez, absorto,
Pelas várzeas da minha retentiva.
Então recordo a paz familiar,
Todo um painel pacífico d'enganos!
E a distância fatal duns poucos anos
É uma lente convexa, d'aumentar.
(...)
Trecho do poema Nós do poeta português Cesário Verde.
Sempre gostei desse trecho, desde a primeira vez que li o poema. O passado é assim mesmo: de bom só a lembrança e esta, por mais nítida que seja, é sempre um painel pacífico de enganos esboçado pelo passar dos anos, pelo cansaço da nossa vista que insiste em aumentar coisas pequenas e criar a felicidade onde houve nada.
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