"o resto é mar. é tudo o que eu não sei contar..."

27 janeiro 2011

Belfagor, o Arquidiabo (ou Fábula do diabo que se casou)



(...)
"Embora assumisse com certa má vontade essa missão, obrigado, contudo, por ordens de Plutão, Belfagor se dispôs a seguir quanto havia sido determinado pela assembléia e a se submeter às condições que haviam sido solenemente estabelecidas por todos. E as condições eram as seguintes: que imediatamente fosse entregue àquele que fosse delegado para essa missão e quantia de cem mil ducados; com esse dinheiro deveria vir ao mundo e, sob forma de homem, escolher uma mulher com quem se casar e viver com ela durante dez anos; depois, fingindo morrer, voltar ao inferno e, pela experiência adquirida, relatar a seus superiores quais eram os ônus e as inconveniências do matrimônio. Foi decidido ainda que, durante esse período, ele estaria sujeito a todas as dificuldades e a todos os males que afligem os homens e que deveria enfrentar a pobreza, as prisões, a doença e todos os demais infortúnios em que os homens incorrem, podendo deles liberar-se unicamente com arte ou astúcia."
(...)

Trecho inicial da fábula do italiano Nicolau Maquiavel (1469 - 1527).

Texto dotado de humor refinado e ácida crítica aos comportamentos humanos, principalmente ao comportamento feminino, por vezes encarado como frívolo, uma visão tipicamente medieval. O mote do conto é o seguinte: foi constatado que todos os homens que cruzavam os portões do inferno tinham em comum o fato de haverem se casado. Casar, portanto, era o motivo pelo qual esses homens foram condenados às chamas eternas. E Belfagor, o Arquidiabo, foi o escolhido para desvendar esse mistério.
A leitura vale a pena!!

Um comentário:

wendell disse...

Sabe onde eu encontro esta fábula de Maquiavel para ler na internet?