"o resto é mar. é tudo o que eu não sei contar..."

28 fevereiro 2011

Sofística



Lanço meu olhar ao céu
Que, através da janela,
Não passa de um quadrado.
E nesse pequeno sólido,
Formado de minha limitação,
Deixo de perceber as estrelas
Apagadas pelas nuvens.
Choro a morte de cada uma delas:
Pelo seu brilho apagado,
Pelos caminhos escurecidos,
Pela ausência de sua luz.
Mas, tão tola e tão míope,
Aos poucos me apercebo
Olhando o céu novamente
Em busca de suas pontas.
É quando me dou conta que
Acima das nuvens elas estão
e riem da minha lógica humana:
“não crer naquilo que não se vê.”
Minhas mãos têm ânsia tamanha em tocar.
Meus olhos são ávidos por ver.
Meus ouvidos aguçam-se para ouvir.
Mas minhas mãos não sabem esperar.
Meus olhos não aprenderam ver além.
Meus ouvidos jamais se habituam ao silêncio.
E assim, me entregando toda
Ao toque, ao som e às cores
Vou perdendo a poesia do negro silêncio impalpável
Das coisas que não precisam de outras para existir.
Vou seguindo, humana,
A tropeçar e cair para me reerguer
E me entregar às minhas ideias fracas
sem o brilho das estrelas.

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