"o resto é mar. é tudo o que eu não sei contar..."

10 março 2011

apesar de lágrimas e lamentos

eu poderia falar mais uma vez de mim. poderia tecer elegias sobre o seu adeus. poderia mesmo lembrar com ternura nossos doces momentos e derramar sobre eles meu pranto de saudade. poderia deixar meu tempo escorrer pelas mãos ao chorar por aquele dia cinza, obscuro. poderia lamentar minha falta de tato e me pintar culpada, carrasca. poderia, inclusive, manchar minhas mãos com o sangue do teu peito inerte aos meus apelos, frio em frente ao meu calor.
eu poderia fazer isso e um pouco mais. mas minhas mãos estão cansadas de sustentar um peso imenso e que nem me é de responsabilidade. eu poderia, como mártir do sentimentos desperdiçados, hastear a bandeira do amor em vão e me orgulhar de morrer em combate. eu poderia ser e fazer tudo isso. mas isso tudo não me faria melhor do que ninguém, nem traria conforto às minhas mãos cansadas, nem você de volta. e a volta, se é que existe plenamente, não seria a solução para meus pormenores, minhas singularidades, minhas carências, meus afetos. e tudo isso que eu poderia ter feito não significaria nada e tantas palavras seriam uma simples página em branco que o tempo trata de empalidecer e corroer, apesar de lágrimas e lamentos.

Um comentário:

Anônimo disse...

não lembro se foi Marx discorrendo sobre economia que disse que a história só se repete com farsa. gosto de trazer esse raciocinio para a vida amorosa, sentmental, ou outro nome que se dê. Acho que uma "volta" não tem mais aquela realidade glacial que nos corta a carne e vai ao osso e explode como se fosse um champagne. Uma volta é apenas uma copia daquela realidade.

(acho q me estendi, desculpa kkk)

beijos