"o resto é mar. é tudo o que eu não sei contar..."

16 novembro 2012

Bem que se quis...

Quisera ser outra e amar sem adversativas em minhas orações. Quisera ser outra e me deixar levar sem pesar ou ponderar o imponderável. Quisera ser outra e não marcar com ferro em brasa a delicadeza dos ouvidos. Quisera ser outra e atravessar o silêncio da ausência, ostentando um pedido de paz nos lábios. Quisera ser outra e olhar nos olhos para dissipar a ira injustificada. Quisera ser outra e procurar uma mão antes que o escuro me consuma. Mas o mundo me quis inapta para o demasiado humano. E me mostro esta: um cacto sobre lajedos. Nascida na aridez, cultivada na dureza, regada a fogo. A mais tenra e generosa chuva arrancaria minhas raízes. Precisaria mais do que um bom jardineiro para me resgatar. Para me salvar de minha aridez seria preciso mais do que amor. Para me salvar de mim é preciso cultivar a crença nas coisas improváveis, Regar com lágrimas a semente do intangível.

Um comentário:

Luiz Filho de Oliveira disse...

Shenna, para seres a Florbela que desejas ser é preciso somente mudar de solo, evitando, assim, plantas "indesejosas"! Mira esse mesmo exemplo que te Espanca!