"o resto é mar. é tudo o que eu não sei contar..."

30 novembro 2009

eu e clarice


Careço de humildade para me reconhecer tão pouca e incapaz. Incapaz de ser melhor, incapaz de ser mil vezes melhor do que esse esboço mal feito que sou. Mas se eu fosse capaz de me tornar melhor, quanto não haveria perdido de mim mesma? Quem eu seria, se pudesse melhorar a cada falha? Perder-me seria um ganho?

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"Só sei ser impossível, não sei mais nada..." Macabéa a Olímpico de Jesus

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"Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”

Clarice Lispector

22 novembro 2009

considerações sobre a morte


Nada é mais desesperador para o ser humano do que o tempo. Num mesmo segundo uma pessoa nasce e outra, do seu lado, morre. O tempo é implacável com a vida humana. Num segundo a vida de uma pessoa é definida por fatores externos à sua vontade. Não controlar o próprio tempo, ser escravo das horas vendidas para outrem é o fardo do homem que se deixa consumir por esse tempo líquido chamado pós-modernidade. Como forma de encarar essa morte cotidiana (e, por contradição, sua única certeza)o homem elabora artifícios capazes de enganar a fatalidade da existência. A arte é um desses artifícios, ela se configura como escape para aqueles que buscam o belo em suas vidas e a profundidade das coisas simples.
Porém, a maioria das pessoas estabelece um nível de beleza mediano para sua exitência e se limitam a reproduzir a própria mediocridade nas atitudes corriqueiras, impondo uma rotina degradante mentalmente. Os sonhos impostos pela TV através das novelas e dos filmes de alcance em massa produzem no telespectador cansado a sensação de que seus sonhos estão sendo realizados pelas personagens das novelas. A riqueza e suntuosidade mostradas na tela são o único contato dessas pessoas (forçadamente empobrecidas pelo sistema capitalista) com o outro lado da moeda. Ou seja, as pessoas pobres de espírito e desprovidas de riquezas materiais se realizam nas personagens que imprimem um padrão: são belas e ricas. Diante dessa projeção, para quê pensar e tentar mudar a realidade ao redor? A morte para essas pessoas já aconteceu. Deixa-se de viver a própria vida e passa-se a viver a vida de um personagem que, no máximo, é parecido com alguém, de fato, mas nunca existirá tal e qual. Passa-se a querer vestir-se igual, falar igual, numa verdadeira padronização tão semelhante à linha de produção em massa. Mas eles são felizes em sua condição infeliz.
A morte física, portanto, nesses casos, é apenas a continuação do que já começou há tanto tempo: as pessoas não viveram suas vidas, não aproveitaram cada segundo de suas vidas, não lutaram contra a imposição de um padrão. Essas pessoas simplesmente cometeram um suicídio do próprio eu. Um eu pleno de defeitos, mas únicos. Ao transferir sua vivência para um personagem ( e quando falo "um personagem", não me refiro apenas às novelas, mas a toda e qualquer celebridade fabricada e transferida ao público como exemplo e espelho), o ser humano abre mão de uma de suas características principais: a identidade (que não é apenas um número num cadastro). O ser humano, ao vestir a farda, ao encaixar a forma imposta (por qualquer segmento social), ao aceitar o padrão de bom grado, mata sua individualidade e seu direito (e por que não dizer dever?) de pensar diferentemente daquilo que lhe impõem.
As pessoas lamentam a morte e sua imprevisibilidade, mas não se dão conta de que a morte está à espreita e seduz com um discurso de inclusão. "Preciso ser igual para ser aceita. Para não morrer sozinha". A pior solidão é a morte na sala de espelhos.

carta de amor e dor para Matilda

Matilda,

O sol lá fora esquenta o chão, acelera a morte das flores. O vento sacode as roupas no varal e levanta a poeira dos móveis aqui dentro e, por isso, penso em ti. Na verdade, penso em ti e, por isso, a natureza se manifesta de formas tão bruscas: ela quer sacodir teus cabelos e porejar teu suor salgado nos meus pensamentos. Lembro de quando falávamos do passado e do quanto ele foi bom para nós. Matilda, o passado foi mesmo bom, fomos felizes, mas você se foi antes que eu te contasse uma parte dele. Uma parte que não faz a menor diferença lembrar ou esquecer, mas que é parte de mim e parte da dor que sinto hoje. Ah! Matilda, fomos felizes. De uma felicidade funda e lenta, sem nos darmos conta, sem perceber que nos cercava o devorador de todas as coisas. Penso em você como uma maneira de matar o tempo e todas as atitudes não tomadas. Quero esquecer que poderia ter feito algo para você não partir e me isentar dessa culpa. Forjo seus defeitos, amplifico sua infantilidade para me convencer de que não dava mais certo. Mas seu sorriso insistente enfrentando minha seriedade me faz lembrar que eu matava as esperanças que um sorriso sincero traz.
Matilda, teu nome nem é esse. Me perdoa inventar outro nome. É parte do meu intento de te recriar culpada de tudo. Outro nome pode me ajudar a esquecer que eu errei em te esconder um fato tão importante do meu passado. Eu sabia que ele seria definidor de tudo e não mostrei as cartas do jogo. Eu nunca amei, Matilda. Nunca senti amor, nem dei amor. Minha inexperiência nessas coisas da alma não me deixava entregar minha essência. Não me deixava abrir a porta pequena do meu mundo igualmente pequeno. Meus braços cruzados, meus bocejos... Tudo isso era uma maneira de não te mostrar essas pequenas coisas grandes, pra te proteger. Eu não te amei. O que eu sentia era uma espécie gozo ou satisfação por te ter por perto, mas não era amor. Algumas vezes teus gestos espirituosos me enfadavam, eu não entendia como você podia se entregar tanto sem receber. Como podia sorrir e tentar sempre me envolver com a mesma intensidade de antes. Matilda, não fui covarde, compreenda. Fui eu. Sei que eu poderia ter te dito antes de começarmos essa caminhada, mas não adiantaria avisar do precipício para quem quer se jogar.
Agora, o que me resta é apenas essa saudade pisada, magoada que eu sinto de nós dois. Naquele dia, na praia, enquanto eu olhava o navio ao longe, se perdendo na linha curva do horizonte, você me registrava em seus pensamentos. Eu estava de costas, mas sabia que você olhava pra mim esperando um gesto efusivo, palavras bonitas e frases feitas, e eu não fiz. Matilda, não leva a mal. Eu não sabia ser assim como você queria. Ainda não sei. Minha praticidade me empobrece, minha reflexão demasiada tira de minhas pernas e braços a espontaneidade exigida por esse amor que você tem. Matilda, não consegui amar. Mas isso não me faz pior. Matilda, eu queria ter te amado,mesmo que isso me fizesse pior.
Eu não queria te dizer isso e botar por terra tudo o que você acreditou por tanto tempo. Mas eu precisava que você soubesse antes que fosse tarde e que o engano permanecesse por mais tempo. Não faz diferença agora, eu sei. Mas eu precisava te dizer da minha incapacidade. Confessar que o fracasso foi meu. Seja feliz, meu amor. Com outra pessoa, também tentarei ser feliz novamente, assim como fui contigo. Mas não pretendo amar. Amar, não.

o voo

Um pássaro pequenino adentrou o terraço sem saber direito o que havia alí. Tombou ao bater de frente com a parede que ele não sabia que estava ali. Eu não sabia como pegá-lo em minha mão sem assustá-lo ainda mais. Mas foi natural: de repente arranjei um jeito de aconchegá-lo em minhas palmas e ele controlou as asas que batiam medrosamente e se deixou apanhar. Ele sabia que ia morrer e eu sabia que ele não precisava de mim para se salvar, mas mesmo assim entreguei meu cuidado àquele ser tão miúdo, fraco e corajoso. O levei ao quintal, e abri as mãos para ele alçar seu segundo voo libertador.
O céu brilhando naqueles olhinhos falavam de uma liberdade que eu não conhecia. Falavam ainda daquela força que não pertence a todos, somente a uns poucos é dado o prazer de senti-la. Ele alçou um voo breve e pousou no muro, de frente pra mim. Ele me olhava com uns olhos de pena, me dizendo que eu não precisava de nada nem ninguém para me apanhar e retirar daqueles quatro muros que me encerravam do mundo e das pessoas. Dizia ainda que eu não tinha asas, mas tinha pernas para correr, dançar e ir ao encontro de tudo o que eu achasse belo e de tudo o que completasse minha beleza.
Os olhos do pássaro ainda cantavam outra vida, profetizavam coisas e fatos para minha vida tão dependente de certezas, tão parcamente envolta em mantos protetores, tão descuidadamente solta de mim.

E, sem mais, ele se foi.

18 novembro 2009

a velha roupa desbotada

Mais uma vez, os pseudo donos do poder tentam fazer piada com o Piauí. Engraçado como se esforçam. Como tentam "inovar". Chega a ser comovente a tentativa insistente de desmoralizar nossa cultura, nosso povo. Mais uma vez, não se trata aqui de bairrismo ou um sentimento nativista exacerbado (não tenho vocação pra isso), é questão de bom senso e de reconhecer o próprio valor.
Um dia desses, foi a tal Dadá, domingo foi o Agildo Ribeiro. Muito me estranha o fato de um senhor, já experiente, apelar daquele jeito. E é porque estavam condenando a apelação!! Olhem só!! O Amaurí Jucá não recebeu nenhum voto por que "fez um humor muito apelativo. falou muito de sexo"... Isso sim, é piada!! Quer dizer que num programa onde o apresentador só fala disso, onde as piadas só giram em torno disso, numa emissora que reserva até programa pra esse tema, não se pode falar em sexo?? E as piadas do pior programa de humor da TV aberta brasileira, o Zorra Total, não tem piada sobre sexo? São todos politica e puritamente corretos? Sem falar nas novelas altamente apelativas, até aquela direcionada para os adolescentes! Não, não há o tema sexo na rede globo!! Essa é a piada!!! hahahahahahahaha... A eventual hipocrisia do puritanismo me dá nojo!!!
O rapaz que venceu a competição é muito bom. De fato, tem personalidade própria, criou um personagem, como muito bem argumentou Luana Piovane. Aquela senhora, tentava imitar, a partir do figurino, a Rosicléa (excelente humorista cearence). E o piauiense Amaurí Jucá também se saiu muito bem. E poderia ter saído do programa sem ter ouvido aquelas alfinetadas do tal Agildo. Desnecessário. Ninguém sorriu e ainda deixou o humorista e todos os seus telespectadores decepcionados com tamanha falta se sensibilidade. E que porra de piada foi aquela? "Eu tinha um amigo no Piauí que, quando ele saía, botava uma placa dizendo: volto já." E o que que isso tem a ver com algum coisa de que se falou??? Qual é a graça???? Se ele queria, com isso, ilustrar que não há ninguém por aqui, falhou, pq vc não coloca uma placa de "volto já" se ninguém te procura....
Fala sério. nem sei porque ainda me dou ao trabalho de escrever sobre isso. Deve ser essa insistência em viver, sobre a qual Euclides da Cunha escreveu. Sou bravo, sou forte, sou filho do norte!, repito os versos de Gonçalves Dias. E continuo querendo saber do que pode dar certo. Não tenho (mais) tempo a perder com essa gente pequena, que pensa que o mundo é só o cristo de concreto e o tietê sujimundo.

07 novembro 2009

Hoje é dia de finados


O post está meio atrasado, mas a reflexão tem permanecido atual ao longo dos tempos. O texto é de Elton Larry, meu amigo historiador, filósofo e metaleiro.

Além do significado óbvio, compartilhado por todos – que o considerem ou não uma data a ser observada – o que significa esta data ou... para que serve o dia de finados?
É evidente que a maneira como alguém ou um grupo se apropria de uma data está intrinsecamente ligada a suas experiências, expectativas e outros ‘ex’ da vida. Mas entender como a maioria enxerga este dia pode ser interessante.
Hoje, uma quantidade enorme de pessoas se dirigiu a um, dois ou mais dos milhares de cemitérios que existem no território brasileiro levando velas, terços, tinta para pintar alguma cruz mais enferrujada, coroas de flores, água, dentre outras coisas.
Nota-se no semblante da maioria que eles não se dirigem ao cemitério com expressão de tristeza, o que não significa muita coisa, em cortejos vê-se muitas pessoas até com cara de riso. Entretanto, não se vê em muita gente aquele ar de circunspecção que se espera transparecer nestes momentos.
Na hora de rezar o terço aparece alguma circunspecção. Não em todos, claro. Tem gente que vai ao túmulo de um ente querido – prefiro acreditar que o considerem querido – e não se interessa em rezar ou ao menos ler uma parte dos chamados ‘mistérios’ presentes naqueles livrinhos titulados “Rezemos o terço”.
Não se pode afirmar só por isso que as pessoas em questão não amem seus mortos assim como aqueles dispostos a rezar. Reconheço que as primeiras podem ter sentimentos mais bonitos do que aqueles adequados ao que se espera nestas ocasiões.
O caminho até os cemitérios é uma atração à parte. Dezenas, centenas de automóveis estacionados mostram que você está chegando a um cemitério. A algazarra de crianças a fim de ganhar algum que se propõem a ‘vigiar’ seu carro, também. Vende-se água normal, água com gás, água de coco. Vendem-se velas, coroas de flores, alguns petiscos como batata frita e há até mesmo barracas de caipirinha (caipirinha?).
Coisas como este forte comércio parecem deixar clara uma das particularidades mais simples da data: o dia é dos mortos, mas quem importa mesmo são os vivos. É para eles que se busca vender alguma coisa – mesmo no caso de um enterro, o morto não poderá fazer uso de seu dinheiro juntado em vida – é aos vivos que se oferece tanto o consolo espiritual (atitude bonita, embora meio pretensiosa) quanto diversas opções de planos funerários – claro que não deixa de ser uma oportunidade de negócio, mas a situação de um filho que chora a morte de um pai ser assediado por um vendedor de planos funerários supera as barreiras do mau gosto.
O dia dos mortos pode ter uma função bem interessante: lembrar aos vivos como, apesar de tudo, deve valer a pena continuar deste lado do estige. Vou ao cemitério e claro, não posso deixar de ver a comoção em alguns poucos rostos desconhecidos. Mesmo que a dor da perca seja enorme, acho que pouquíssimas pessoas ali trocariam de lugar com seus entes sepultados. Ir ao cemitério parece que lhe deixa com certa vontade de viver. A menos que você seja um daqueles escritores doidões que desejavam alcançar a morte como um escapismo para o sofrimento.
Acho que não seria necessário um dia para os mortos se as pessoas, de bom grado, se lembrassem deles. Claro que todos eles quando eram vivos possuíam seus defeitos. Podiam ser mentirosos, meio covardes, um pouco desonestos quem sabe, sonhadores ao extremo ou extremados puxa-sacos. Mas deviam deixar alguém feliz quando chegavam em casa, quando preparavam uma comida boa, quando abraçavam alguém ou quando te diziam aquelas palavras de carinho e estímulo que em um momento de tristeza podem fazer toda a diferença.
Entretanto, a delimitação de uma data específica – estrategicamente colocada após o dia das bruxas e o de todos os santos – pode trazer seus benefícios. Por um lado prático, pode proporcionar a um pai, cujo filho está enterrado em um local meio distante, um dia de folga onde ele possa visitar seu túmulo e depois passar na casa de um amigo de longa data que há tempos não via. (O que foi? por acaso você acha que todo mundo vai só ao desfile em 7 de setembro? Eu sequer conheço alguém que vá.)
O dia de finados, como já foi dito, é dedicado a eles, mas quem se aproveita dele somos nós – enquanto vivermos – a saudade de alguém que já partiu pode ser dolorosa, mas senti-la é sinal de que aquela pessoa fez a diferença na sua vida. Eu particularmente lembro de uma senhora que poderia ter me ensinado a ser bom e paciente como ela foi, mas a luz de seus olhos apagou-se cedo demais.
Embora eu continue achando que no dia de finados, os mortos deveriam poder voltar á terra para ver seus entes queridos, (mas acho também que alguns deles não iam querer ver absolutamente ninguém e passar o dia bebendo/fumando/transando) não posso pensar em tudo. Cada um é dono de seu coração – até quando ambos estão ‘meio’ mortos.

05 novembro 2009

justificativa


Há algum tempo eu vinha pensando em mudar o título do blog pra alguma coisa que dissesse mais sobre o que escrevo, mas nada me ocorria assim de pronto e de modo completo, quer dizer, que completasse minhas vontades, meus "desejos tão profundos". Então, de repente, assistindo ao clip da música Longe, do Arnaldo, tive esse insight. Pois é assim que me sinto (e tudo não é sentimento?) ou pelo menos tenho me sentido de uns tempos pra cá. Uma espécie de solidão interior voluntária. A verdade é que venho cansando minha paciência ao tentar entender comportamentos, gestos e falas de pessoas que me cercavam e essa tentativa tem sido frustrada sempre. (e não é exagero). Então, por isso a solidão voluntária. Preciso me entender, se quiser entender alguém mais. A tarefa é quase impossível, mas ainda tento me enxergar profundamente. E como somente algumas amigas (Ana, Isa e Rosa) leem o que eu posto aqui, me senti à vontade para dizer mais sobre qualquer coisa mesmo.


O que estou tentando dizer (já deu pra perceber essa verborragia insana que escorre dos meus dedos) é que vou tentar (sempre tentar! tudo começa a partir de tentativas!) não mais me esconder atrás das palavras (ou do lado ou entre elas) de outras pessoas. Claro que vou continuar postando poemas e músicas que me agradam, mas vou voltar a escrever. (vou tentar!!!)





E pra não perder o hábito, aí vai a letra da música Longe do Arnaldo Antunes, do cd Iê Iê Iê!!! (o máximo!!!)





Onde é que eu fui parar?
Aonde é esse aqui?
Não dá mais pra voltar
Porque eu fiquei tão longe, longe...
Onde é esse lugar?
Aonde está você?
Não pega celular
E a Terra está tão longe, longe...
Não passa um carro sequer
Todo comércio fechou
Não tem satélite algum transmitindo notícias de onde eu estou
Nenhum e-mail chegou
Nenhum correio virá
Eu entre quatro paredes sem porta ou janela pro tempo passar
Dizem que a vida é assim
Cinco sentidos em mim
Dentro de um corpo fechado
No vácuo de um quarto
No espaço sem fim
Aonde está você?
Por que é que você foi?
Não quero te esquecer
Mas já fiquei tão longe, longe...
Não dá mais pra voltar
Eu nem me despedi
Aonde é que eu vim parar?
Por que eu fiquei tão longe, longe, longe, longe...
Longe, longe, longe, longe...

Link pra o site do Arnaldo (comentário sobre o novo cd):

http://www.arnaldoantunes.com.br/